Morte - Sé Vacante: Cardeal camerlengo sela o quarto e o escritório do Papa, dá a notícia, toma posse dos palácios e convoca os cardeais
1 - Pouco depois de o Papa morrer, e ainda na maior discrição, cabe ao cardeal norte-americano Kevin Joseph Farrell, que ocupa o cargo de camerlengo, que segundo as leis do Vaticano tem a missão de liderar o processo da Sé Vacante, verificar oficialmente o óbito. Isto é feito na presença de outros elementos da Cúria, como o mestre das celebrações litúrgicas pontifícias (bispo Diego Ravelli), dos prelados da câmara apostólica e do secretário e chanceler que lavra a ata de morte.
2- O reconhecimento oficial da morte faz-se na capela pessoal do Papa e não no quarto onde dormia (uma mudança aprovada em 2024 no chamado livro litúrgico para as exéquias)
3 - É também o camerlengo que sela o quarto e o escritório do Papa. Mas como o Papa Francisco optou por viver na Domus Santa Marta e não no Palácio Apostólico serão as divisões onde viveu que serão seladas.
4- Depois do reconhecimento oficial, o camerlengo transmite a notícia ao Cardeal Vigário para a diocese de Roma, Baldassare Reina, e este transmite-a ao povo.
5- O camerlengo toma posse do Palácio Apostólico no Vaticano, do Palácio de Latrão e do Palácio de Castel Gandolfo.
6 - O camerlengo convoca os cardeais para falar sobre os procedimentos a ser feitos para a sepultura do Sumo Pontífice. No entanto, o Papa Francisco deixou expressa a vontade de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior (onde rezava antes e depois das viagens apostólicas) e não na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
7 – Entretanto, o cardeal decano, cargo ocupado por Giovanni Battista Re, de 91 anos, convoca os Cardeais para as Congregações do Colégio Cardinalício. Também é este cardeal que comunica o falecimento do Papa a todo o corpo diplomático que está acreditado junto da Santa Sé
8 - Os cardeais reúnem-se, assim, em congregações, desde que a morte é decretada até ao Conclave. Cabe ao camerlengo convocar a primeira congregação, onde os cardeais fazem o juramento, prometendo seguir todas as normas. Nestas reuniões os cardeais tomam várias decisões: definem o dia, a hora e o modo de transladar o corpo do Papa para a Basílica, aprovam o orçamento para as exéquias e para a eleição do novo Papa; leem os documentos deixados pelo Pontífice e atribuem, por sorteio, os quartos aos cardeais eleitores.
Exéquias. Sepultura entre o 4º e 6º dia, tratamento médico especial para conservar o corpo e celebrações mais simples
9 – Durante nove dias os cardeais celebram as exéquias.
10 - A sepultura faz-se entre o 4.º e o 6.º dia após a morte.
11 - Segundo o novo ritual aprovado em 2024, o corpo será colocado imediatamente dentro do caixão e será exposto à veneração dos fiéis já dentro do caixão aberto. Antes era exposto no catafalco, ou seja, numa plataforma alta.
12 – Antes, o corpo do Papa é alvo de um tratamento médico. Ao corpo de João Paulo II, por exemplo, foi realizado um “tratamento higiénico conservativo temporal” em vez de ser embalsamado.
13 – O funeral, com a transferência do caixão para o túmulo, será mais simples do que o habitual, segundo pediu o Papa Francisco. A ideia é ter ritos que revelem o funeral de “um pastor” e não de um “homem poderoso”.
Conclave. Capela Sistina com regras rígidas para garantir segredo. Cardeais proibidos de comunicar com exterior. Votos, urnas e os escrutinadores
14 – São chamados a Roma todos os Cardeais da Santa Igreja Romana com menos de 80 anos no momento da morte do Papa.
15 - O conclave tem de ter início a partir do 15.º dia. Mas se ainda não estiveram em Roma todos os Cardeais com direito de voto, pode aguardar-se até ao 20.ºdia. Aí, o Conclave terá mesmo de começar, quer estejam ou não todos os eleitores.
16 - Os cardeais ficam alojados na Domus Sanctae Marthae.
17 - A eleição ocorre na Capela Sistina. E são postas em prática regras rígidas para garantir que nada se sabe sobre o que se passa ali dentro. Todos os espaços são fechados a pessoas não autorizadas e não pode haver qualquer equipamento eletrónico que permita captar imagens ou som. São tomadas medidas para que nenhum cardeal seja abordado por pessoas estranhas à eleição na deslocação que fazem para a Capela Sistina. Os cardeais ficam proibidos de todas as formas de comunicação com o exterior.
18 – As pessoas que não sendo cardeais, têm de intervir no processo, como o secretário do colégio cardinalício ou mestre das celebrações litúrgicas, entre outros, têm de fazer um juramento de segredo absoluto sobre tudo o que acontecer.
19 - Na primeira manhã do Conclave os cardeias celebram na Basílica de São Pedro a Missa Pro Eligendo Papa.
20- Da parte da tarde, os mesmos cardeais, todos com vestes corais, reúnem-se na Capela Paulina, no Palácio Apostólico, e vão em procissão solene e a cantar o antigo hino Veni Creator, para a Capela Sistina.
21- Já na Capela Sistina fazem juramento e uma meditação. Todos os que não são eleitores saem. Nesse momento, fecham-se as portas e são rezadas orações. O Cardeal que ocupa o cargo de Decano confirma se todos os presentes estão prontos para realizar a eleição. A cada cardeal é entregue um papel (ficha) onde deve escrever um nome e colocar numa urna. São escolhidos à sorte nove cardeais para terem funções específicas: três para retirar os votos da urna e contá-los (escrutinadores); três para recolher os votos dos cardeais doentes (Infirmarii) e os restantes três para confirmar que as fichas e os votos foram contados de forma correta (revisores)
22 - Cada Cardeal, pela ordem de precedência, depois de escrever um nome, dobra a ficha duas vezes e, mantendo-a levantada, leva-a ao altar. Aí, junto onde estão os escrutinadores, encontra-se um recipiente coberto com um prato para recolher as fichas. Nessa altura, o cardeal diz em voz alta: «Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito». Em seguida, depõe a ficha no prato e com este coloca-a na urna e regressa ao seu lugar.
23- Os cardeais selecionados para contar os votos (escrutinadores) sentam-se numa mesa e um deles, à medida que lê os nomes nas fichas, fura-as com uma agulha, no ponto onde se encontra a palavra Eligo e insere-as num fio, para que sejam de forma mais segura conservadas.
24 - Podem ocorrer quatro votações por dia, a não ser na primeira tarde do Conclave, em que se realiza apenas uma.
25 – Dentro da Capela Sistina, é escolhido o sucessor do Papa Francisco quando algum cardeal tiver 2/3 dos votos
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